sexta-feira, 30 de março de 2012

Eu não sei, eu só sei que, ah deixa pra lá!

Era tão bom,

         Era tão bom quando eu tinha que apenas me preocupar se eu estava suficiente bonita pra ir pra escola numa manhã qualquer, era tão bom se apaixonar em um dia e esquecer no outro, era tão bom todas aquelas cartinhas de amor que iam e voltavam ate mim a todo estante, todos aqueles castelos de areia mal feitos, era tão bom destruir brinquedos e se esconder da mãe logo em seguida, era tão bom ser livre, sorrir a todo o momento, e brincar como se o dia não fosse acabar, era tão bom quando a tua unica preocupação era se você ia acordar cedo no outro dia exatamente só pra ver aquele teu desenho favorito, era tão bom se enfiar no guarda roupa de tua mãe e sair um verdadeiro travesti de lá. Ah era tão bom! Pena que infelizmente não volta mais né? podia voltar...

Tempo, tempo, tempo...

      Com um certo tempo você se acostuma com toda merda e podridão que te envolve, que te deixa triste e sem saber o que fazer. Com um certo tempo você cria uma casca em você, desejando que ninguém quebre ela e te machuque, porque eu, você e todos sabem o quanto é dificil uma perda, o quanto é dificil uma decepção, o quanto é dificil você dar aquele sorriso tão extremamente falso que acaba transparecendo verdadeiro.
      Cicatrizes ah são só cicatrizes né? você tenta enterrar elas dentro de um espaço vazio, que você tem dentro daquilo que você tenta chamar de coração, você tenta de todas as maneiras esquecer tudo o que te foi feito, você tenta de todas as maneiras possiveis apagar aquilo que te faz tão mal, aquilo que te atormenta na hora de colocar a cabeça no travesseiro, pensando que você vai pelo menos conseguir se desligar algumas horas desse mundo tão fodido, e quando você pega no sono e começa a sonhar elas vem até você, no teu sub inconsciente e começam a dizer através de imagens o quanto você foi babaca e estupida de se deixar aborrecer tantas vezes. Espero que um dia essas infelizes e nunca bem vinda cicatrizes sumam de uma vez de mim, quem sabe assim eu pelo menos tenho um pouco de paz, não é? Desculpo-me por ter criado uma casca em mim, desculpo-me por ser tão vazia, eu sei que é pro meu bem, eu sei...

Vejamos...

         Hoje é o dia tipico de uma madruga de quinta feira de outono, fria e sozinha. Quando dizem aquela frase clichê ''É de noite que tudo faz sentido'' eles não estão errados, de noite você pensa em tudo o que está acontecendo com você, e nessa madrugada me aconteceu isso, o que não nenhuma é novidade. Eu fiquei pensando sobre solidão e o quanto eu me sinto assim, e é o tempo todo, não adianta vim com aquela frase boba e animadora ''ah mas você tem a mim, você tem seus amigos, você nunca está sozinho'' que nessa eu já não caio mais! Eu sei ou pelo menos quero ter certeza que esse tipo de solidão não é pra sempre, pode parecer clichê e babaca, mas sabe de uma coisa? Eu queria sentir o cheiro de felicidade, o sabor de amar e ser amado, a tranquilidade espiritual que eu nunca tive. É eu queria, eu sempre quis, só que nem tudo é como nós desejamos, deve ser tão bom ter esse tipo de sensação, deve ser tão bom se sentir bem, se amar e olhar no espelho e dizer, cara como eu sou linda como eu me amo...
           As coisas que eu sinto são inexplicaveis, esse auto flagelo, essa melancolia repentina, essa tristeza que fica em mim é tão ruim e ao mesmo tempo tão bom. Acho que no final das contas eu sou um nó que jamais vai ser desatado, eu sou toda aquela tristeza que nunca vai embora, eu sou a melancolia e o auto flagelo que me transformou no que eu sou hoje e eu sou principalmente algo que vejamos em palavras não dá pra explicar...